12 dicas de escrita de Flannery O’Connor

William Campos da Cruz
3 min readMar 26, 2020

--

Hoje se comemora o aniversário da escritora norte-americana Flannery O’Connor. O site Writers Write publicou uma lista de 12 dicas de redação extraídas de textos da autora; apresento-as abaixo.

Flannery O’Connor foi uma escritora americana que nasceu em 25 de março de 1925 e morreu em 3 de agosto de 1964. Escreveu dois romances e 32 contos, bem como ensaios, resenhas e comentários.

Escreveu num estilo gótico sulista e usou ambientes regionais e personagens grotescas em suas histórias. A escrita de O’Connor também refletia sua fé católica romana e examinava questões de moralidade e ética.

Suas obras sombriamente cômicas mostram atos assustadores de violência e personagens insensíveis. Ela justificava a brutalidade em suas histórias observando que a violência “é estranhamente capaz de devolver minhas personagens à realidade e prepará-las para aceitar seu momento de graça”.

Seus romances são Sangue Sábio e O Céu é dos Violentos. Seus Contos Completos, publicados postumamente em 1972, ganharam o National Book Award naquele ano.

12 Dicas de escrita de Flannery O’Connor

1. Creio integralmente em hábitos da escrita… Você pode ser capaz de escrever sem eles caso tenha o gênio, mas a maioria de nós somente tem talento e este é algo que tem de ser auxiliado o tempo todo por hábitos físicos e mentais, caso contrário ou seca e é levado pelo vento… Claro, você tem de conformar seus hábitos ao que pode fazer. Escrevo somente duas horas todos os dias porque esta é toda a energia que tenho, mas não permito que ninguém interfira nessas duas horas, ao mesmo tempo e no mesmo lugar.

2. O escritor atua numa encruzilhada peculiar em que tempo, espaço e eternidade de algum modo se encontram. O problema é descobrir este lugar.

3. Tente ordenar [seu romance] de trás para a frente e veja o que aparece. Pensei nesta manobra em minhas aulas de arte, em que sempre virávamos o desenho de ponta cabeça, de um lado para o outro, para ver quais linhas precisavam ser acrescentadas. Boa parte do que é excessivo será removido deste modo.

4. Decerto creio que uma história tem de ter significado, mas o significado numa história não pode ser parafraseado; se está lá, está lá, mais como fato físico do que como fato intelectual.

5. Acho que qualquer coisa que o torne demasiado consciente da linguagem em geral é ruim para a história.

6. Pode ser perigoso ter coisas demais para escrever. Isto é, se você tirar um ano e não tiver nada para fazer além de escrever e não estiver acostumado a fazê-lo todo o tempo, você ficará desanimado.

7. Pessoas sem esperança não escrevem romances; e, o que é mais importante aqui, nem sequer os leem.

8. Escrever um romance é uma experiência terrível, durante a qual o cabelo cai e os dentes apodrecem. Sempre fico irritada com pessoas que imaginam que escrever ficção é uma fuga da realidade. É, antes, um mergulho na realidade e é muito chocante para o sistema.

9. Pode parecer uma ninharia, mas o narrador onisciente nunca fala de maneira coloquial. Isso é algo que eu mesmo levei muito tempo para aprender. Sempre que você o faz, pede força.

10. O escritor pode escolher sobre o que escreve, mas não pode escolher a que é capaz de dar vida.

11. Os costumes têm tamanha importância para o romancista que qualquer tipo funcionará. Maus costumes são melhores que costume nenhum, e, como estamos perdendo nossos costumes tradicionais, provavelmente estamos demasiado conscientes deles; esta parece ser uma condição que produz escritores.

12. A ficção trata de tudo que é humano, e somos feitos de pó; se você despreza o fato de ser feito de pó, então não devia nem tentar escrever ficção. Não é uma tarefa grandiosa o bastante para você.

--

--